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Joguei minha matéria e alma, que carinhosamente denomino como “eu”, onde me encontro. Às vezes seguro, às vezes alardeado com as impossibilidades que qualquer um desses cancros; capitalismo, comunismo... ...melhor, mundo social que só nos quer fazer sorrir, unicamente, para confundir-nos; impulsionam-me a sentir uma enorme vergonha do que simplesmente sou.


Fui abstraído, juntamente com aqueles que foram encaminhados a envergonharem-se, de um padrão popular. Padrão esse que transformou em sinônimos o popular e a desmemoria, descartou o perene e exaltou o volátium, ensinou a temermos o simples ato de sorrir por bondade ao próximo, e sorrir sim, para os nossos impostos destinos inevitáveis de miséria. No fim você acaba na sarjeta por aceitar o que lhe é ofertado como o necessário, ou você acaba na sarjeta por pensar o suficiente para colocar em risco o que há de pútrido em sua volta. Egocentrismo é uma terceira opção, contudo não pretendo cutilar meu eu só para possuir um home-theater e grades na janela. Todos já paramos e analisamos se o que temos seja mais do que precisamos para sermos realmente felizes?


N’outra noite em uma mesa de bar conversando com um amigo sobre as conquistas e poder do ser-humano, ele acautelou-me: “veja bem rapaz, sentimos fome, frio, medo, vontade de cagar e mijar e tudo que qualquer animal, até os que você possa considerar como total insignificância ao universo, sente em seu cotidiano!!!” O agradeci imensamente por essas palavras, pois o padrão popular é, além de tudo, subversivo e pretende tomar para si nossa sensatez. Já quase fui pego algumas vezes, suas armadilhas são bastante convidativas, e se o raciocínio não for uma de suas conquistas mais louváveis...
...você já pode até estar sorrindo.


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